O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-04-14

A Bica

Imagem: "Fernando Pessoa", 1954, pintura, inicialmente denominada "Lendo Orpheu", de Almada Negreiros para o Restaurante Irmãos Unidos

A bica de café é hoje celebrada, no Dia Mundial do Café. E o café não dispensa a água.
Em Portugal, em média cada residente consome pouco mais de quatro quilogramas de café por ano, segundo dados da Organização Internacional de Café (OIC). A média europeia é de cerca de seis quilogramas por ano, ou seja, os portugueses bebem em média entre uma a duas chávenas de café por dia, e a maior parte fá-lo fora de casa.
O café tem benefícios e malefícios, neste caso se bebido em excesso. Sobre os primeiros, dizem-me que está cientificamente provado o benefício da cafeína e do consumo de café em situações de Alzheimer, Parkinson e depressão. Mas em excesso pode trazer problemas para o sistema cardíaco e aparelho digestivo, designadamente intoxicação por dose excessiva de cafeína.
O café é a substância psicoactiva mais consumida no mundo. Uma bica tem cerca de 40 mg de cafeína e não merece problema, se for consumido com ou depois de refeição mais ou menos ligeira.
A bica é pretexto de encontro de amigos e um dos prazeres mais permanentes durante os 365 dias dos seus consumidores, actualmente quase em qualquer lugar e antigamente naqueles magníficos estabelecimentos das cidades e das vilas deste país, que popularmente tomaram o nome do seu produto mais consumido. Os cafés das nossas memórias têm desaparecido, como mais um património delapidado pela incúria ou sensibilidade dos homens.
No quadro de Almada, Fernando Pessoa está sentado numa mesa de café e, diante de si, sobre a mesa, tem os dois números da Orpheu, uma bica e um recipiente de açúcar. Eu sempre desconfiei que faltava algo neste quadro. É o copo de água!

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