Imagem: Gravura do Aqueduto das Águas Livres, Lisboa
Classificado como monumento nacional, é um dos mais extensos sistemas de abastecimento de água existentes no mundo, alcançando os 58 quilómetros; o seu nome deve-se ao facto de as águas correrem apenas pela força da gravidade, isto é, livremente.
O Aqueduto das Águas Livres, hoje desactivado, foi mandado construir pelo rei D. João V, a fim de fornecer água a Lisboa, de acordo com o projecto de engenheiro Manuel da Maia, tendo abastecido a cidade a partir de 1748, mas só concluído em 1834.
Mas foi ainda em 1571 que Francisco de Holanda propusera ao rei D. Sebastião a reconstrução de um aqueduto e da antiga barragem romana de Olissipo, para garantir o abastecimento de água à capital. Seria, contudo, em pleno século XVIII que se decidiu avançar com a sua construção, tendo sido os seus custos integralmente suportados pela população de Lisboa, através de taxas que incidiam sobre a carne, o azeite e o vinho.
O Aqueduto possui, na sua parte mais monumental, um conjunto de 35 arcos, de autoria do arquitecto Custódio Vieira, sobre o Vale de Alcântara, onde se destaca o maior arco de vão do mundo em alvenaria de pedra, com 65 metros de altura e 32 de abertura.
A galeria interior tem dois corredores (Passeio dos Arcos), pelos quais se podia caminhar e desfrutar da vista panorâmica em redor, porém o elevado número de suicídios e assassinatos levou a que a partir de 1844 fechasse ao público. Actualmente, o Museu da Água, que tutela o aqueduto, organiza visitas e passeios em datas e horas que variam consoante as estações.
Na minha opinião, é este o monumento que Lisboa deve candidatar a património mundial da humanidade, e não a Baixa Pombalina, esta já fortemente descaracterizada e de gestão muito difícil no quadro do património da UNESCO. Para além das suas características formais singulares, o Aqueduto tem o valor excepcional de ter sido suportado financeiramente pela população, inclusivamente quando o país possuía bons recursos vindos da riqueza do Brasil.
Neste Dia da Liberdade, é justo lembrar que, nos grandes feitos de um país, está sempre a generosidade do seu povo. Há dois séculos e meio, tal como há 36 anos.
O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.
2010-04-25
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