Os balneários, hotéis, parques, alamedas, quiosques, galerias de passeio e buvettes têm sido cenários de uma forma de entender e viver a vida, durante um período concentrado de tempo, num território singular que teve origens há mais de cinco séculos.
A criação do primeiro hospital termal do mundo, em 1485, marcou um tempo novo nas práticas terapêuticas com recurso à água termal e, na época, a inovação à escala europeia. Uma fase de observação clínica alargou-se até ao século XVIII, seguindo-se-lhe uma fase de investigação, na aplicação às águas dos progressos das ciências físico-químicas e na comprovação de alguns mecanismos da sua acção no organismo humano.
Nas primeiras décadas do século XX, o termalismo em Portugal alcançou o seu período áureo e uma maior certificação científica pelo surgimento de estudos mais credíveis. Mas, em meados do século, a afirmação de novas modas e outros lugares de tempos livres reduziu o protagonismo das termas, ao mesmo tempo que se assistiu a uma larga distribuição pelo país das águas engarrafadas, assegurada pela expansão dos transportes. Mais tarde, surgiu o chamado “termalismo social”, relacionado com a comparticipação do Estado, embora efémero.
Na actualidade, os programas de bem-estar associam-se à oferta do termalismo terapêutico, com base num novo paradigma social mais aberto ao desfrute dos tempos livres e das férias repartidas. Assiste-se à emergência da sociedade do lazer e renasce o conceito de “hotel de saúde”, congregando áreas de tratamentos e alojamento. A arquitectura termal ganha novos conteúdos, formas e equipamentos.
O futuro do termalismo passará, necessariamente, pelo eixo do ensino, em Hidrologia Médica e áreas complementares, e ainda por uma maior prescrição por parte dos médicos e pela aposta destes na investigação médica. Em simultâneo, para a sustentabilidade ambiental, económica e social destas terras de águas, será fundamental o bom desempenho das autarquias e o papel regulador do Estado através, designadamente, da tutela – os ministérios da Economia e da Saúde –, mas também do Ambiente e da Cultura. Todos repartem competências na avaliação de projectos sobre prospecção de águas, reabilitação ou construção de infra-estruturas e equipamentos, higiene e segurança, preservação de património e investimentos turísticos.
Para que o termalismo seja efectivamente estratégico, os agentes públicos e privados devem apostar em modos de actuação respeitadores deste território sensível; presente, não onde queremos, mas onde emerge o seu recurso fundamental, a água mineral natural, o primeiro de todos os patrimónios.
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