Maio era, tradicionalmente, o mês de abertura das termas.
As famílias deslocavam-se, anualmente, numa repetição de práticas de lazer, sociabilidade e convivialidade, numa experiência singular, para a qual o espaço de representação social era parte integrante.
A arquitectura nas termas portuguesas sempre fez parte da expressão de um estilo de vida exclusivo, e este precisou de todo um território completo, para formar cenários idílicos, mas preenchidos das funções mais essenciais da vida quotidiana. Antes habitado sazonalmente, hoje aberto todo o ano, sempre ao ritmo terapêutico das águas. Estamos perante um sistema, onde se estabelecem relações de carácter funcional, estético, cultural e afectivo, contidas numa arquitectura desenhada para um fim específico.
Presentemente, transformados que estão os rituais de frequência das nossas termas, relacionados com novas preocupações com o corpo e a alma e com diferentes quotidianos de vida, inúmeros desafios se colocam ao desenvolvimento turístico destes territórios: novos investimentos, preservação da água e do património físico, aposta no adequado ordenamento territorial e num ambiente qualificado são aspectos que parecem colocar-se com acuidade ao Estado, aos empresários e às autarquias.
A nova arquitectura termal, no nosso país, tem diversificado as abordagens, sob uma programação que ganha novos contornos: a compatibilização da terapêutica com as actividades de bem-estar e de recuperação física e psíquica; o termoludismo e os grandes espaços de água colectivos; a organização do conjunto edificado, de forma a viabilizar o funcionamento anual, mas também a optimização da estrutura distributiva das diferentes zonas funcionais, que permite a sua reactivação ou fecho sazonal; a visão de conjunto e a actuação global à escala do microcosmo termal; e os valores ecológicos, como matriz da sustentabilidade de uma actividade milenar em território sensível.
A arquitectura é parte essencial da competitividade dos territórios turísticos, e as termas portuguesas começam a emergir como habitats de inovação, aprendizagem, criatividade, conhecimento e bem-estar. E, pela sua exemplaridade, podem vir a ser centros de competência e de referência para outros territórios turísticos.
(Texto partilhado entre Jorge Mangorrinha e Helena Gonçalves Pinto)
O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.
2010-05-31
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Etiquetas
Academia Nacional de Belas-Artes
(1)
Açores
(3)
adágio
(1)
agenda 21
(1)
água
(13)
água elástica
(1)
água-pé
(1)
águas engarrafadas
(1)
águas turvas
(8)
Alcobaça
(2)
Alentejo
(4)
Alfama
(1)
Aljustrel
(1)
Alqueva
(2)
Amazonas
(1)
Amazónia
(2)
ambiente
(2)
Amizade
(1)
anuário
(1)
aqueduto
(1)
arquitectura
(4)
arquitectura termal
(3)
arte
(1)
assistência
(1)
Aveiro
(1)
baleias
(1)
bandeiras
(1)
Banhos da Abelheira
(1)
Banhos de S. Paulo
(1)
barcos
(1)
Barragem do Roxo
(1)
biodiversidade
(2)
biombo
(1)
Brito Camacho
(2)
caciquismo
(1)
café
(1)
Caldas da Felgueira
(1)
Caldas da Rainha
(19)
Caldas da Saúde
(1)
Caldas de São Jorge
(1)
Carlos Amado
(1)
Cascais
(1)
Centenário da República
(9)
Centenário do Turismo
(1)
Centenário do Turismo em Portugal
(1)
CESTUR
(1)
chafarizes
(1)
Chaves
(1)
China
(2)
chuva
(1)
cidadania
(4)
cidade
(2)
cidades
(1)
cidades termais
(3)
Cimeira da Terra
(1)
cinema
(3)
clima
(1)
comemorações
(21)
Conselho da Cidade
(3)
cooperação transfronteiriça
(1)
cruzeiros
(1)
cultura
(1)
desenho
(1)
Eduardo Read Teixeira
(1)
educação
(1)
Egipto
(1)
ensino
(1)
Entre-os-Rios
(1)
Estoril
(3)
Évora
(1)
exposições
(4)
família
(1)
Fátima
(1)
Federico Fellini
(1)
Federico García Lorca
(1)
Fernando Pessoa
(1)
fontes
(1)
fotografia
(3)
futebol
(1)
garrafas
(1)
gastronomia
(1)
geotermia
(1)
Graciosa
(1)
Guimarães
(1)
Hospital Oeste-Norte
(5)
Hospital Termal
(4)
hotéis
(1)
igrejas
(2)
INATEL
(2)
INOVA
(1)
invenção
(2)
Islândia
(1)
Japão
(1)
José Saramago
(3)
juventude
(1)
lagos
(1)
Lanzarote
(1)
Lisboa
(9)
livros
(5)
lixos
(1)
Lua
(1)
Madeira
(1)
Madrid
(2)
Maldivas
(1)
Manaus
(2)
Manteigas
(1)
Manuel António de Vasconcelos
(1)
Mar
(5)
Marte
(1)
maternidade
(1)
Mediterrâneo
(1)
memórias
(5)
minas
(1)
moliceiros
(1)
Monarquia
(1)
Mondariz
(1)
Monte Real
(1)
Montecatini
(1)
Montes Velhos
(2)
música
(1)
Natal
(1)
naturismo
(1)
Óscar Niemeyer
(2)
Parque das Nações
(1)
Parque Mayer
(1)
património
(4)
pauis
(1)
Paula Rego
(1)
Pedras Salgadas
(1)
pedreira
(1)
Peniche
(1)
Península Ibérica
(1)
Pequim
(1)
pesca
(1)
pintura
(1)
piscinas biológicas
(1)
política
(3)
Porto
(1)
prémio
(5)
provincianismo
(1)
rádio
(1)
rainha D. Leonor
(2)
religião
(1)
Renascimento
(1)
República Dominicana
(1)
revista
(1)
Rio Maior
(1)
rios
(2)
romã
(1)
S. Pedro do Sul
(1)
Saint-Gervais-les-Bains
(1)
saúde
(3)
SETA
(1)
simbolos
(1)
Sophia de Mello Breyner Andersen
(1)
submarino
(2)
talassoterapia
(2)
Tavira
(1)
teatro
(1)
Teixeira de Sousa
(1)
temporal
(1)
termalismo
(13)
termas
(21)
Termas da Ferraria
(2)
Termas do Estoril
(2)
Termas do Luso
(1)
Termas do Vidago
(2)
Terreiro do Paço
(3)
Tinta Fresca
(1)
Tribuna Termal
(2)
turismo
(10)
Unhais da Serra
(1)
Veneza
(1)
Ventura Terra
(1)
vulcão
(1)
Xangai
(2)
Yasuní
(1)
Arquivo do blogue
-
▼
2010
(142)
-
▼
maio
(20)
- As Termas
- Termas de Unhais da Serra
- Água Benta
- Sabores das Caldas da Rainha: gastronomia, cerâmic...
- Dois Projectistas nas Termas dos Açores
- Perfeitíssimas
- As Mulheres e a Água
- "Jorge Mangorrinha e Helena Pinto ganham prémio em...
- Casa das Histórias
- O que é que apareceu primeiro? A Água ou a Terra?
- A Institucionalização do Turismo em Portugal
- Pedra Dura em Águas Mornas: os Pavilhões do Parque
- Prémio José de Figueiredo 2010
- "O Problema de Turismo"
- Terreiro do Paço: Metamorfoses
- A Praça das Águas do Tejo
- Do Paço ou do Comércio?
- Terras de Águas
- "O Jogo da Política Moderna"
- Prémio para "O Desenho das Termas"
-
▼
maio
(20)
Sem comentários:
Enviar um comentário