O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-09-05

Caldas da Felgueira - 200 Anos de Curas


Imagem: pormenor da platibanda do balneário termal oitocentista das Caldas da Felgueira, Jorge Mangorrinha

Perfazem este ano, precisamente, 200 anos sobre o início da exploração continuada das águas da Felgueira, neste caso pelo padre José Inácio de Oliveira. A "nascente quente e sulfúrica no limite do lugar de Vale de Madeiros” já era referenciada desde os quesitos de 1758. Era então utilizada por pastores e caçadores para a cura dos seus animais. A primeira utilização terapêutica registada é a da cura de uma doença de pele do padre José Lourenço, em finais do século XVIII. Este padre mandou construir uma casa junto do poço, já no início do século XIX, mas seria o padre Oliveira que tomaria, em 1810, a exploração continuada destas águas, mandando para tal construir melhores instalações e uma capela, esta já em 1818 e que se mantém.
Nesse mesmo ano de 1810, o médico Francisco Tavares refere-se a estas águas por intermédio de terceiros e acrescenta que “é de esperar que tenham todas as virtudes das águas sulfúreas e das salinas”.
O grande impulso seria dado, porém, a partir de 1882, ano em que foi constituída a Companhia das Águas Medicinais da Felgueira, seguida da criação da Companhia do Grande Hotel Club das Caldas da Felgueira, o que levou à edificação respectiva de um balneário pioneiro e de uma grande unidade hoteleira, inspirados nas melhores estâncias centro-europeias e dotando o centro do país com condições únicas de vilegiatura e lazer. O balneário foi projectado e construído entre 1883 e 1887, sob o traço de Rodrigo Berquó, com base na ideia de separar completamente as diversas classes de banhos, cada qual com entrada própria.
O empenho e a aventura dos primeiros accionistas e concessionários fizeram com que as Caldas da Felgueira passassem a ter um papel importante no termalismo nacional, durante o século XX, ressurgindo actualmente como um lugar de promoção da saúde e do bem-estar, para o que muito contribui, tanto as estruturas de origem, e sua remodelação, bem como os serviços prestados.
A passagem dos 200 anos sobre a exploração continuada destas águas terapêuticas é um marco importante para se aprofundar o conhecimento da história desta estância termal e preservar a memória dos homens e dos acontecimentos relevantes, bem como para registar os desafios que se pressentem para o futuro.
(Excerto das propostas para uma monografia das Caldas da Felgueira [Helena Gonçalves Pinto e Jorge Mangorrinha], a pedido do concessionário, cuja elaboração aguarda decisão administrativa)

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