O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-07-24

"Ampliação do Hospital é “contranatura” ao desenvolvimento do termalismo, dizem os Verdes"

Imagem: Visita de Os Verdes à Mata das Caldas da Rainha (in Gazeta das Caldas, 23 de Julho de 2010)

Transcrição do artigo de ontem de Fátima Ferreira sobre esta visita há dias aos espaços verdes das Caldas da Rainha, a propósito da audiência realizada na Assembleia da República e suscitada pela Carta Aberta referente ao pedido de não desagregação daqueles espaços relativamente ao restante património termal das Caldas da Rainha. Contudo, a eventual ampliação do Hospital Oeste Norte, em plena mata, também acabou por ser motivo de interesse por parte dos nossos visitantes.

Artigo da Gazeta das Caldas:

Dois dirigentes do partido ecologista Os Verdes estiveram na manhã de segunda-feira (19 de Julho) a visitar a Mata Rainha D. Leonor e o Parque D. Carlos I e manifestaram-se contra a ampliação do hospital das Caldas devido aos eventuais impactos negativos da obra nas captações de água termal.
Esta visita surgiu no seguimento da carta aberta enviada por um grupo de cidadãos aos partidos políticos, sendo Os Verdes o primeiros a visitar o local.
Joaquim Correia e Cláudia Madeira, dos Verdes, percorreram parte da Mata Rainha D. Leonor e o Parque D. Carlos I numa visita guiada pelo arquitecto (e ex-vereador caldense) Jorge Mangorrinha, um dos 15 subscritores de uma carta aberta entregue na Assembleia da República apelando à não desagregação daquele património do Hospital Termal.
O dirigente partidário Joaquim Correia considera que a ampliação do hospital trará problemas ao nível termal, de captação de aquíferos, e de “amputação” de parte da Mata. “Prevê-se que a parte amputada seja grande”, denuncia Joaquim Correia, defendendo a gestão integrada de todo o património termal.
O alargamento do hospital não é a melhor opção para os Verdes, que consideram que rede viária de apoio é “caótica” e não se adequa ao conceito de saúde que querem para o país. “Se calhar, custa tanto fazer a remodelação e ampliação, como a criação de um novo hospital onde os acessos viários sejam melhores”, dizem, defendendo a ultima opção.
Os dirigentes vão agora pedir explicações ao Ministério da Saúde sobre os projectos e os estudos feitos para a ampliação do hospital, assim como a sua viabilidade, pois consideram um “factor contranatura para o desenvolvimento do termalismo e das Caldas”.
Para Jorge Mangorrinha, um dos mentores da carta aberta, a hipótese de a ampliação do hospital para o interior da Mata Rainha D. Leonor pode “fazer perigar a integridade do espaço verde único em termos da sua origem e da sua dimensão nas cidades portuguesas”. O arquitecto refere ainda que a intervenção poderá ter impactos ambientais associados aos recursos aquíferos que ali existem e que são captados desde os anos 60. “Uma intervenção de construção civil naquele local pode perigar estes recursos”, disse, defendendo que a Direcção Geral de Energia e Geologia “deverá ter um papel importante na decisão”.
Jorge Mangorrinha lembra que a ideia inicial do Ministério da Saúde foi a criação de um hospital novo para os concelhos do Oeste Norte, numa zona de acessibilidades mais adequadas. E adianta que este revés no processo, optando pela ampliação tendo como justificação os custos, é “uma falácia” pois esta opção não sai mais barata.
Jorge Mangorrinha realça que não defendem a demolição do edifício do hospital Oeste Norte, no qual foram feitos grandes investimentos, mas a sua conversão num hospital de rectaguarda e num hospital especializado em reumatologia.
“Seria um factor de valor acrescentado e muito competitivo para esta região e para o país, na medida em que seria uma oferta única a este nível”, sustenta.
Os subscritores desta carta aberta defendem também que o legado histórico deste património, que nasceu das águas e da lógica termal há cinco séculos, deve manter-se numa mesma gestão.
Os subscritores da carta aberta já foram recebidos por três grupos parlamentares (Os Verdes, PCP e BE) tendo agora a visita de um deles. Esperam dentro de pouco tempo dar outros passos no sentido do Ministério da Saúde “poder reflectir melhor e não entregar parte deste património a outra entidade, que não se sabe qual é, mas que pode perigar em termos da sua lógica termal”, conclui Jorge Mangorrinha.

Pavilhões do Parque deverão continuar públicos

Os dirigentes dos “Verdes” também foram conhecer os pavilhões do Parque e consideram “um crime” o abandono a que aquele património está votado. “Isto deve ser requalificado, numa lógica que poderá ser de turismo, mas sempre englobado na questão termal e de desenvolvimento das Caldas”, disse Joaquim Correia.
Com uma posição assumida contra as privatizações, o dirigente partidário diz que o património deverá manter-se público, mas que poderá ser alvo de uma parceria para a sua recuperação.
“Poderá haver uma fundação ou uma parceria, mas que fique sempre salvaguardado que isto é um património de todos”, disse Joaquim Correia, acrescentando que os privados têm uma lógica completamente diferente da do Ministério da Saúde, pois “olham muito para o lucro fácil e às vezes não é para o bem da comunidade”.
Também Jorge Mangorrinha defende um rumo para os edifícios que são uma marca arquitectónica na cidade, que terá que ser pensado de “forma integrada”.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetacaldas.com

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