Qual a relação entre as águas termais e o presidente do último governo monárquico?
António Teixeira de Sousa (1857-1917), natural de Celeirós, foi, para além de exercer a sua actividade na Medicina, escritor, deputado, par do reino, ministro de Estado e líder do Partido Regenerador. Presidiu ao último governo da Monarquia Constitucional, sendo deposto pela Revolução de há 100 anos.
Em 1894, fora nomeado director técnico do estabelecimento termal das Pedras Salgadas, cargo que ocupou até 1897, mantendo aí o exercício da clínica termal, tal como no Vidago. Em 1895 foi nomeado cirurgião-ajudante do Exército. Foi accionista da Empresa das Águas do Vidago e eleito procurador à Junta Geral do Distrito de Vila Real, pelo concelho de Alijó, abandonando o Exército no mesmo ano, servindo até à extinção das Juntas Gerais, várias vezes como membro da comissão executiva.
Em 1889, foi eleito deputado por Alijó, iniciando uma carreira política em Lisboa, que o levaria à liderança do partido e à presidência do Ministério. Como membro destacado do Partido Regenerador, assumiu nos últimos anos da Monarquia um crescente protagonismo: inspector da Companhia de Tabacos de Portugal, de 1891 a 1900; administrador-geral das Alfândegas, de Maio a Outubro de 1904; governador do Banco Nacional Ultramarino, de Fevereiro, de 1909 a 1910; e, finalmente, presidente do Ministério, dos governos daquele partido. Nos governos regeneradores de Hintze Ribeiro, exerceu os cargos de ministro da Marinha e Ultramar e ministro do Ultramar, de 25 de Junho de 1900 a 28 de Fevereiro de 1903, e ministro dos Negócios da Fazenda, desde aquela data até 20 de Outubro de 1904. Retomou a pasta da Fazenda, de 21 de Março a 19 de Maio de 1906, em novo governo de Hintze Ribeiro, onde representava a tendência próxima de João Franco. Eleito líder do Partido Regenerador, a 23 de Dezembro de 1909, quase de imediato forma governo a convite do rei. Governou de 26 de Junho a 4 de Outubro de 1910, sendo deposto pela Revolução.
Nas vésperas desta, e depois de uma noite sem se deitar, antevendo a gravidade dos acontecimentos, cerca das 9 horas o rei seria aconselhado por Teixeira de Sousa a refugiar-se em Mafra ou Sintra, dado que era iminente o bombardeamento do Paço das Necessidades por parte de revoltosos. Mas o rei manteve-se. Cerca do meio-dia, os cruzadores “Adamastor” e “São Rafael” começaram a bombardear o edifício, obrigando o rei, renitente, a refugiar-se na Palácio de Mafra, nessa tarde, seguido pelas rainhas D. Amélia e D. Maria Pia, que estavam nos Palácios da Pena e da Vila, em Sintra. Na manhã seguinte, o rei procurava um modo de chegar ao Porto, acção muito difícil de concretizar por terra, dada a quase inexistência de uma escolta e os inúmeros núcleos de revolucionários espalhados pelo país. Entretanto, o iate real “Amélia” fundeara na Ericeira, vindo da cidadela de Cascais, com o tio e herdeiro ao trono, D. Afonso. A família real e alguns acompanhantes dirigiram-se à Ericeira, de onde, por meio de dois barcos de pesca e perante os olhares curiosos dos populares, embarcaram no iate real rumo a Gibraltar e não ao Porto como era desejo do rei. Este, uma vez a bordo, escreveu a Teixeira de Sousa as seguintes palavras: «– Forçado pelas circunstâncias vejo-me obrigado a embarcar no yatch real “Amélia”. Sou português e sê-lo-ei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu País. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer! Viva Portugal! Dê a esta carta a publicidade que puder. Sempre mº afectuosamente – Manuel R. – yatch real “Amélia” – 5 de Outubro de 1910.»
Teixeira de Sousa continuaria a ser amigo pessoal de destacados republicanos, como Afonso Costa, Bernardino Machado, Brito Camacho e França Borges, mas afastou-se da política após a implementação da República.
Faleceu, no Porto, a 5 de Junho de 1917.
O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.
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